PEC cria voucher caminhoneiro e amplia benefícios sociais

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Congresso com iluminação azul para estimular ações que garantam visibilidade à comunidade surda/Arquivo/Jefferson Rudy/Agência Senado
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A PEC aprovada no Senado também institui estado de emergência até o final do ano

O plenário do Senado Federal aprovou, nesta quinta-feira (30), em dois turnos, o texto-base da chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, que cria benefícios sociais e amplia programas já existentes em resposta à crise provocada pela disparada da inflação e piora dos indicadores sociais no país. Atualizado às 20h55

Foram 72 votos favoráveis e um contrário à matéria em primeiro turno. No segundo, o placar foi 67 a um, do senador José Serra (PSDB-SP). Os senadores do Distrito Federal – Izalci Lucas (PSDB), Leila Barros (PDT) e José Antonio Reguffe (União Brasil) votaram a favor.

A votação estava prevista para ocorrer na noite anterior (29), mas foi adiada em meio a pedidos de parlamentares por mais tempo para analisar o substitutivo apresentado pelo relator da matéria, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), informou o Infomoney.



Senadores governistas tentavam dar celeridade à tramitação da matéria, mas divergências sobre pontos específicos do texto apresentado pelo relator e demandas de inclusão de outros benefícios acabaram travando as discussões.

Por se tratar de PEC, a proposição precisa ser submetida a dois turnos de votação no plenário de cada casa legislativa, com necessidade de apoio de 3/5 em cada votação (ou seja, 49 entre 81 no caso dos senadores). Agora o texto precisa ser analisado pela Câmara dos Deputados.

O substitutivo do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) amplia de R$ 400,00 para R$ 600,00 o valor das parcelas mensais pagas pelo Auxílio Brasil (programa social que substituiu o Bolsa Família desde dezembro passado) e zera a fila de beneficiários do programa − hoje estimada em 1,6 milhão de famílias, segundo cálculos do Ministério da Cidadania.



A proposta também amplia o valor pago com o auxílio-gás, de modo a garantir o equivalente em dinheiro ao valor de compra de um botijão a cada dois meses para um público de 5,86 milhões de famílias. E institui o “voucher caminhoneiro” para transportadores autônomos, no valor de R$ 1.000,00 mensais. As medidas valeriam apenas até o fim de 2022.

Durante as discussões do texto, também foi acatada parcialmente uma emenda do senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder do MDB no Senado Federal, criando um auxílio emergencial destinado a taxistas devidamente registrados até 31 de maio, até o limite de R$ 2 bilhões. As negociações envolveram os senadores Carlos Portinho (PL-RJ), líder do governo na casa legislativa, e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que fizeram a interlocução com o Palácio do Planalto.



As medidas presentes no substitutivo somam um impacto fiscal de R$ 41,25 bilhões aos cofres públicos, gastos através de crédito extraordinário, fora do teto de gastos – regra fiscal que limita o crescimento de despesas públicas à evolução da inflação no ano anterior.

As despesas também driblam a chamada regra de ouro das finanças públicas, que diz que o Tesouro Nacional não pode se endividar para financiar gastos correntes. O valor tampouco precisará observar dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal que exigem compensação por aumento de despesa e renúncia de receita.



Cria também o polêmico estado de emergência

A PEC aprovada também institui estado de emergência até o final do ano, “decorrente da elevação extraordinária e imprevisível dos preços dos combustíveis e dos impactos sociais deles decorrentes”. Tal mecanismo reduz riscos eleitorais que envolvem a aprovação de benefícios sociais a 3 meses do pleito.

A Lei Eleitoral (Lei 9.504/1997) veda, no ano do pleito, “a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios (…) exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior”.



O reconhecimento de estado de emergência foi um dos pontos de maior discussão na PEC. Parlamentares da oposição criticaram dispositivo presente na primeira versão do substitutivo, que falava em “a não aplicação de qualquer vedação ou restrição prevista em norma de qualquer natureza”. O incômodo dos pares com os termos vagos presentes no inciso fez com que o relator desistisse do item.

A PEC dos Auxílios representa uma nova ofensiva do governo Jair Bolsonaro (PL) a menos de 100 dias das eleições e marca uma mudança de rota em relação à ideia inicial com a chamada PEC dos Caminhoneiros (PEC 16/2022), que previa compensação de até R$ 29,60 bilhões pelo governo federal a estados que zerassem o ICMS sobre óleo diesel e gás de cozinha e reduzissem a 12% a alíquota do tributo sobre o etanol.


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