Juscelino Filho está envolvido numa série de irregularidade, incluindo uso irregular de um avião da FAB
Por Misto Brasília – DF
O ministro das Comunicações, deputado federal licenciado, Juscelino Filho (União Brasil), poderá ser o primeiro dos 37 ministros a deixar o governo. Contra ele pesam uma série de denúncias, inclusive uso irregular de uma aeronave da Força Aérea Brasileira para um programa particular.
No Congresso Nacional, o comentário é que a exoneração pode acontecer nesta semana. E não faltam candidatos para a vaga. Juscelino chegou a ministro por uma obra do destino através de uma costura política. O cargo caiu no seu colo, mas ele nem mesmo contava essa possibilidade.
Por conta de articulações políticas, o deputado que nada conhecia da pasta chegou ao cargo. No dia da posse, se negou a dar entrevistas à imprensa para falar sobre os projetos do ministério.
O nome que está sendo citado como substituta é o da primeira senadora eleita por Pernambuco com mais de 46% dos votos, a pedagoga Teresa Leitão (PT-PE).
Casa ela realmente assuma o ministério, será convocado o primeiro suplente, o ex-deputado federal Silvio Costa, que sempre teve um papel pró-Lula.
Nesta nesta terça-feira (28), o jornal O Estado de São Paulo revelou que Juscelino Filho não informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões em cavalos de raça na declaração de bens entregue no ano passado, quando concorreu – e foi eleito – para deputado federal pelo estado do Maranhão.
À lista de polêmicas, se junta o uso de um avião da Força Área Brasileira (FAB) para participar de um leilão de cavalos em São Paulo, quando já era ministro, e o uso de verbas do orçamento secreto para asfaltar uma estrada que passa por propriedades de sua família no Maranhão, na época que era deputado federal. Ambas as histórias também foram reveladas pelo jornal.
Cavalos de raça Quarta-de-Milha
A investigação do jornal mostra que, na época em que fez a declaração ao TSE em 2022, o atual ministro das Comunicações tinha ao menos 12 cavalos da raça Quarto de Milha, adquiridos em leilão. Quando concorreu pela primeira vez a deputado federal, em 2014, Juscelino chegou a declarar vários animais. Já em 2018 e 2022, ele não fez menção a animais.
No ano passado, ele declarou ao TSE um patrimônio de R$ 4,4 milhões – incluindo fazendas, carros, metade de uma aeronave, apartamento e o terreno onde está instalado um haras. De acordo com o jornal, o valor é quase o mesmo que ele movimentou em leilões desde 2018, período no qual também vendeu 14 animais da raça Quarto de Milha.
Haras no Maranhão e dinheiro de emendas
Não bastasse a omissão, os animais de raça são criados no haras do ministro, na cidade maranhense de Vitorino Freire, onde seu pai já foi prefeito e que atualmente é governada por sua irmã, Luanna Rezende.
O local envolve outra polêmica: o atual ministro mandou asfaltar uma estrada que passa por fazendas da família com dinheiro do orçamento secreto, recebido quando era deputado federal. De acordo com O Estado de São Paulo, Juscelino indicou mais de R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto.
Do valor, R$ 5 milhões foram usados para melhoria de 19 quilômetros da estrada que circunda ao menos oito fazendas da família. Quando a notícia veio a público, Juscelino argumentou que as propriedades beneficiadas são cercadas por “inúmeros povoados”.
As verbas do orçamento secreto também foram usadas para contratar pelo menos quatro empresas de amigos, ex-assessoras e uma cunhada do ministro.
Em 2022, ele indicou R$ 16,4 milhões em verbas do orçamento secreto para projetos em Vitorino Freire, que tem pouco mais de 30 mil habitantes.
No papel, o haras pertence à irmã do ministro e a Gustavo Marques Gaspar, um ex-assessor da Câmara. No entanto, um funcionário do haras disse ao Estadão que não conhece nenhum Gustavo Gaspar.
De acordo com O Estado de São Paulo, o terreno da propriedade de 165 mil metros quadrados pertencia à prefeitura de Vitorino Freire. Mas, em 1999, a área foi adquirida por Juscelino Filho por R$ 1 mil. Na época, ele tinha apenas 14 anos e seu pai, Juscelino Rezende, era o prefeito da cidade.
Em 2007, Juscelino Filho vendeu a área por R$ 50 mil para Gustavo Gaspar e readquiriu a propriedade em 2018 por R$ 167 mil.