Dez pontos dos porquês dizermos “não” a esse Ensino Médio

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Aluna escreve no caderno em escola pública do Distrito Federal/Pillar Pedreira/Agência Senado
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O governo federal aponta que está disposto, mais uma vez, a reavaliar  e alterar o Ensino Médio. A questão não é simples

Por Vinício Carrilho Martinez e André César – SP

1. É um projeto fascista, que substitui o lugar do conhecimento como fator de emancipação e autonomia por Autoajuda e empreendedorismo, de acordo com o modelo da pejotização, uberização da classe trabalhadora.

2. É financiado por conglomerados bilionários, a exemplo do grupo Leman.

3. Não é possível, na formação da condição humana de jovens e crianças, eliminar ou reduzir à insignificância disciplinas como sociologia e filosofia. Sem isso não se aprende (apreende) que a Luta Pelo Direito é uma luta política (com sangue histórico), no bojo da luta de classes.



4. Não se edifica epistemologia, com estreita ligação à inteligência social (interação), retirando-se conteúdos correlatos às ciências e ao significado/uso das tecnologias atuais: “alienação”, indução ao sistema banóptico, embrutecimento, estranhamento.

5. Não há dignidade humana se crianças e jovens não são inseridos no “mundo dos signos e códigos” da modernidade. Esta é a importância de conteúdos como português e matemática: ler e interpretar os códigos e o mundo real, patrocinar a lógica formal, para não duvidarem da realidade, não aceitarem discursos alucinados como a “autovacina”.

6. Se o projeto fascista do ensino médio fosse bom, inteligente e com qualidade, seria servido aos rebentos das classes e grupos dominantes, e não seria exclusividade dos filhos e das filhas da classe trabalhadora.



7. Logo, como aprendemos na escola pública (sem os aportes do grupo Leman), no passado próximo, a escola pública tem que ser um campo de convivência com o conhecimento científico e filosófico, a diversidade social e cultural (heterogeneidade) e não um depósito de kits neoliberais. As crianças e jovens precisam ser alfabetizadas, precisam ter no conhecimento e na Ciência apoios fundamentais à sua formação com autonomia, inclusão, capacidade analítica e crítica. Precisam ser jovens e adolescentes com a mesma disposição demonstrada em 2015, em São Paulo: ocupando o espaço público em defesa da escola pública.

8. O principal não é lhes ensinar “educação financeira“, o essencial é convidá-los a entender e questionar o que levou e mantém suas famílias subjugadas, despossuidas, expropriadas, pela lógica econômica que produz bilionários, exatamente como o grupo Leman.



9. As crianças e os jovens precisam, sim, é ler, entender e debater suas realidades, negações, explorações diárias, sistêmicas, sistemáticas.

10. As crianças e jovens não precisam do “ensino” de “projetos de vida”, de um descolado “faça você mesmo”, precisam, sim, de projetos e de políticas públicas que transformem qualitativamente as suas vidas e de suas famílias.

Sem história e geografia (geopolítica) isto não será possível. Sem que estudem e entendam o que são direitos fundamentais, o fundamento de suas existências será esse infindável processo de exclusão (classista, racista) que ainda os ameaça constantemente com o agrilhoamento dos porões do sistema prisional.

(Vinício Carrilho Martinez é professor da UFSCar e André César é cientista político)


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