Na iminência da apresentação do relatório final das investigações e das oitivas, já é possível acreditar em resultados
Por Gilmar Corrêa – DF
Na manhã do dia 14 de fevereiro, aconteceu a primeira reunião da Comissão Parlamentar de Investigação dos Atos Antidemocráticos. Sete membros titulares de seis partidos diferentes.
Pelos prognósticos e pelo passado e resultados de outras comissões, era justificável a falta de fé nos resultados. A equação política engendrada até a sua instalação, apontava também para um futuro que muita gente não apostava.
Estamos fechando a primeira quinzena de agosto com um saldo positivo. Sim, contrariando todos os prognósticos negativos e desconfianças de fevereiro.
Na iminência da apresentação do relatório final das investigações e das oitivas, já é possível acreditar que a CPI da Câmara Legislativa fará escola.
Começa pelo modelo. O presidente, no caso o deputado Chico Vigilante (PT), adota um equilíbrio na condução dos trabalhos. Menteve a disposição de ouvir fulanos e cicranos e evita, ao máximo, expor seu lado doutrinário petista. Um alívio!!!
Diferente do que já se viu, o presidente faz perguntas embasadas e fundamentadas. Lê as perguntas e pontua com intervenções lógicas.
No depoimento do ex-ministro Anderson Torres, por exemplo, vídeos de depoimentos anteriores ilustraram as respostas necessárias para desenhar o arcabouço do futuro relatório.
Na CPI dos Atos Antidemocráticos, todos os titulares e os sete suplentes, de sete partidos diferentes, têm o seu tempo e sua vez para perguntar. Há um equilíbrio de tempo e muitos podem completar o que ja se perguntou ou expor suas convicções políticas.
Nada de bate-bocas histéricos, razos e imbecis e confrontos apelativos – situações tão comuns em comissões de investigações. E muito importante, os distritais não falam para as redes sociais, não desejam a lacração dos internautas.
Ok, muitos falam para seu público e para seu eleitorado, mas não estraga no conjunto.

A CPMI de 8 de janeiro, do Congresso Nacional, é tudo diferente. Os parlamentares querem aparecer mais que os fatos. Há um propósito ideológico irracional que beira o gracejo a cada intervenção. Gritos, palavreados descarados que impacta no rendimento do trabalho.
Podemos dizer assistimos a um circo que tornou-se marca registrada na política brasileira.
Os parlamengares federais – senadores e deputados -, incluindo a sua relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), escorregam na falta de preparo. A CPMI precisa corrigir os rumos para não acabar na vala comum. Ou melhor, precisa se espelhar no trabalho dos distritais.
Na CPI da Câmara Legislativa, o indicativo parece conduzir para reflexões e apontamentos. Até agora as investigações avançaram bastante e apontam para resonsáveis diretos e indiretos.
Está claro que o comando da Polícia Militar falhou naquele fatídico domingo. Também está cristalino que o Exército concedeu o que não deveria. Permitiu que um acampamento, ao lado de um quartel general, tenha se transformado numa chocadeira de golpistas.
A CPI dos distritais também aponta erros na condução e na prevençào dos atos antidemocráticos pelas autoridades federais. Houve, sim, negligências de muitos e falta de ação de outros.
O relator, deputado distrital João Hermeto (MDB), tem agora a responsabilidade de qualificar os resultados no texto do relatório final, na mesma medida da qualidade dos trabalhos até aqui apresentados.
Hermeto, um ex-militar graduado da PMDF, tem a obrigação de apontar os responsáveis, dentro e fora da corporação. Se fizer isso, ponto para ele. Ponto para a CPI.
E ponto para a Câmara Legislativa que, como instituição, poderá contrariar a desconfiança que ainda reside entre muitos brasilienses.
CPI dos Atos Antidemocrátricos da Câmara Legislativa
Membros titulades – Chico Vililante (PT), Jaqueline Silva (MDB), João Hermeto (MDB), Robério Negreiros (PSD), Joaquim Roriz Neto (PL), Pastor Daniel de Castro (PP) e Fábio Félix (PSol).
Membros suplentes – Gabriel Magno (PT), Paula Belmonte (Cidadania), Iolando (MDB), Martins Machado (Republicanos), Roosevelt Vilela (PL), Pepa (PP) e Dayse Amarílio (PSB).
O Misto Brasília transmite ao vivo as sessões da CPI e da CPMI – contira na homepage do site