A greve de professores da Universidade Estadual do Maranhão: um tiro no pé

Uema campus principal São Luís Misto Brasília
Entrada do campus da Uema na cidade de São Luís/Arquivo/Divulgação

O prejuízo primeiro é dos estudantes, que não têm nenhum poder de aumentar o salário dos professores

Por Mayalu Félix – MA

Sou professora da Uema, mas não concordo com a greve dos professores dessa universidade, que tem indicativo para começar na quinta-feira (24). Para que serve uma greve? Para forjar um prejuízo tal aos donos dos “meios de produção” que eles sejam obrigados a capitular diante de um “impasse” na “luta de classes”.

Na educação, contudo, o prejuízo primeiro é dos estudantes, que não têm nenhum poder de aumentar o salário dos professores.

Depois, o prejuízo é dos próprios professores, que são obrigados a repor as aulas perdidas e a trabalhar nas férias, nos feriados, nos finais de semana e nos meses em que deveriam descansar.

Nunca, jamais, um governador ou mesmo um presidente da República teve algum prejuízo com greve de professores. Uma greve de médicos de hospitais públicos, por exemplo, tem mais efeito, pois o doente não atendido hoje é o defunto de amanhã, e por isso pode se perder uma eleição.

Alguém já viu algum político perder eleição por causa de greve de professores?

O governador anterior, aliás, não melhorou o salário dos docentes, mas seu candidato – atual governador – foi o mais votado entre os professores de todos os níveis, fundamental, médio e superior.

Há maneiras mais inteligentes de se protestar, mas o sindicalismo profissional perde com isso e o que menos interessa é realmente melhorar a educação, pois o mais importante é manter forças políticas em um jogo de interesses mútuos: o sindicato que hoje organiza a greve apoiou o governador que não aumenta o salário dos professores da Uema.

A questão que ninguém coloca é: por que um professor da Universidade Estadual do Maranhão ganha cerca de um terço, um quarto do que ganha um juiz, um promotor, e até tenho vergonha de dizer, um desembargador, cujo cargo é (vergonhosamente) vitalício?

Nessas questões não se tocam, pois são assunto proibido.

Se educação fosse de fato prioridade para qualquer governo, o salário de um professor seria honroso e adequado à responsabilidade que a ele delegam.

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