Jânio Quadros teve mais votos do que os outros dois candidatos, o vice eleito foi o vice de Lott, João Goulart, do PTB
Por Sérgio Botelho – DF
Enquanto Juscelino Kubitschek seguia buscando consolidar Brasília na condição de capital do Brasil, transcorria no país a campanha visando a disputa presidencial de 1960, prevista e efetivamente realizada em 3 de outubro do referido ano.
Três candidatos concorriam para ocupar o lugar de JK: o mato-grossense de Campo Grande (futura capital do Mato Grosso do Sul), Jânio Quadros (PTN-UDN), que fazia política em São Paulo; o paulista de Piracicaba, Ademar de Barros (PSP-PDC), também com domicílio eleitoral em São Paulo; e o mineiro de Barbacena, marechal Henrique Teixeira Lott (PSD-PTB), ex-ministro da Guerra, que havia garantido a posse de Juscelino em 1955, mas sem tradição na política.
Na data aprazada, Jânio teve mais votos do que os outros dois candidatos, porém, como a votação era desvinculada, o vice eleito foi o que figurava na chapa de Lott, João Goulart, do PTB. Foi então empossada a chapa JAN-JAN.
Juscelino, que logo nos primeiros meses do ano desmentiu categoricamente que pretendesse, aproveitando a inauguração de Brasília, mudar a Constituição de forma a permitir sua reeleição – e, assim, se candidatar -, fez o maior esforço para que o pleito fosse o mais democrático possível.
O que realmente aconteceu.
Mas vamos ao fato de hoje. Em 30 de agosto de 1960, pela manhã, apesar de estar apoiando por pensamentos, palavras e atos a chapa Lott-Goulart, e de estar recebendo ataques furibundos de JQ (que renunciou várias vezes à candidatura, em meio à campanha, antecipando o que faria depois de tomar posse como presidente), JK recebeu e conversou com Jânio durante quase meia-hora, no Palácio da Alvorada, encontro fartamente fotografado.
Naquele dia, o candidato udenista tinha prevista inauguração de comitê e comício à noite na Cidade Livre (atual Núcleo Bandeirante).
Depois, enquanto Jânio se movimentava eleitoralmente pela nova capital do Brasil (onde saiu vitorioso no pleito presidencial), e prometia acelerar o processo de consolidação de Brasília, JK foi à capital paulista reafirmar seu compromisso com a democracia e o respeito às urnas, em almoço do qual participaram deputados, prefeitos e políticos petebistas locais. Em cada lance que a história nos revela se sobressai o espírito democrático de Juscelino Kubitschek.
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