O desmatamento em terras indígenas localizadas no Cerrado aumentou 188% e nas terras indígenas subiu 188%
Por Misto Brasil – DF
Em 2023, o Cerrado registrou o desmatamento de mais de 1,1 milhão de hectares de vegetação nativa, ultrapassando pela primeira vez a Amazônia, que teve mais de 454 mil hectares desmatados no mesmo período. O Cerrado concentrou cerca de 61% da área desmatada no país.
Os dados foram publicados pelo Relatório Anual do Desmatamento, produzido por pesquisadores do Ipam na rede MapBiomas.
“No ano passado, 98% do desmatamento no Cerrado teve como vetor de pressão a agropecuária. O fato se reflete em terras indígenas, UCs e territórios quilombolas do bioma”, observou a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Roberta Rocha.
“Áreas que enfrentam um cenário de deficiência na sua gestão, fiscalização e monitoramento. Além disso, muitas delas estão em regiões de conflito fundiário e confrontos devido à abertura de áreas para a atividade agropecuária”.
O desmatamento em terras indígenas localizadas no Cerrado aumentou 188% em 2023, atingindo mais de 7 mil hectares. Comportamento oposto ao observado nas terras indígenas do restante do país, que apresentaram uma redução de 27% da área desmatada.
Territórios quilombolas e unidades de conservação de proteção integral também viram a perda de vegetação nativa aumentar 665% e 252%, respectivamente, quando comparado a 2022.
As Unidades de Conservação de Proteção Integral do Cerrado – grupo composto por estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, monumentos naturais e refúgios de vida silvestre – viram seu desmatamento aumentar em 252%, atingindo quase 3 mil hectares. De toda área aberta no Cerrado, em 2023, 5% foi em unidades de conservação.
“São espaços em que a supressão de vegetação, em regra, não deveria acontecer, pois seu principal objetivo é preservar a natureza, não sendo permitido qualquer atividade que cause prejuízo aos recursos naturais, apenas o uso indireto dos seus recursos”, explica Roberta Rocha.