As ondas gigantes causadas se espalharam no remoto fiorde de Dickson e geraram um sinal sísmico captado por sensores em ciclos de 90 segundos
Por Misto Brasil – DF
Um deslizamento de terra na Groenlândia que ocorreu há um ano criou um tsunami que fez a Terra vibrar por nove dias, concluiu uma pesquisa liderada pelo Instituto Nacional de Pesquisa Geológica da Dinamarca e Groenlândia, publicada nesta quinta-feira (12/09) na revista científica Science.
As ondas gigantes causadas pelo evento se espalharam no remoto fiorde de Dickson e geraram um sinal sísmico capaz de ser captado continuamente por sensores em ciclos de 90 segundos.
Segundo o especialista em Sismologia Computacional da University College London (UCL) e coautor do estudo, Stephen Hicks, o fenômeno é inédito.
“Quando vi o sinal sísmico pela primeira vez, fiquei completamente perplexo”, disse. “Embora saibamos que os sismômetros podem registrar uma variedade de fontes que estão ocorrendo na superfície da Terra, nunca antes uma onda sísmica tão duradoura, e de deslocamento global, contendo apenas uma única frequência de oscilação, foi registrada”, completou.
Os sinais foram captados desde o Ártico até a Antártida.
Não visto pelo olho humano, o evento foi causado pelo colapso de uma montanha de 1.200 metros. O deslizamento de cerca de 25 milhões de metros cúbicos de rocha e gelo causou uma explosão de água de 200 metros de altura, gerando ondas consecutivas de 110 metros de altura.
Os pesquisadores calcularam que essa onda se estendeu por 10 quilômetros do fiorde e se reduziu a sete metros em poucos minutos, e alguns centímetros nos dias seguintes.
Para demonstrar como o movimento poderia ter durado nove dias, os pesquisadores recriaram o ângulo do deslizamento de terra no fiorde de Dickson usando um modelo matemático.
Como os fiordes são entradas de mar confinadas entre montanhas rochosas, eles produzem formações estreitas e curvas, o que fez com que a massa de água se movesse para frente e para trás, se chocando nas rochas a cada 90 segundos e gerando as vibrações na crosta terrestre, anotou a Agência DW.