Paraguai pede explicações “detalhadas” sobre espionagem do Brasil

Abin entrada DF Misto Brasília
Entrada da agência de inteligência do governo brasileiro/Arquivo/Divulgação
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Um agente da Abin informou em depoimento ter invadido o computador de autoridades paraguaias, inclusive da Presidência e do Congresso

Por Misto Brasil – DF

Após o Brasil admitir ter organizado uma operação para espionar o Paraguai em 2022, o governo do país vizinho pediu nesta terça-feira (01) explicações “detalhadas” sobre o episódio ao embaixador brasileiro em Assunção, José Antônio Marcondes de Carvalho.

A informação foi dada pelo ministro paraguaio do Exterior, Rubén Ramírez, em conversa com jornalistas. Segundo ele, “todas as negociações” com o Brasil sobre o anexo C do acordo da hidrelétrica binacional de Itaipu, que define as condições de comercialização da energia gerada, estão suspensas até que o país dê satisfações a Assunção.

“É uma violação do direito internacional imiscuir-se em assuntos internos de um outro país”, disse o chanceler paraguaio.

Na véspera, o governo brasileiro havia admitido que sua agência de inteligência, a Abin, organizou uma operação para espionar o Paraguai em 2022, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As atividades, porém, só teriam sido encerradas em 27 de março de 2023, quase três meses depois da posse do presidente Lula da Silva (PT).

Segundo o portal Uol, um agente da Abin informou em depoimento à Polícia Federal ter invadido o computador de autoridades paraguaias, inclusive da Presidência e do Congresso do país.

A operação teria visado a obtenção de informações sobre a negociação da venda de energia da usina de Itaipu, que é dividida entre Brasil e Paraguai.

Na época da espionagem, os dois países discutiam o reajuste no valor pago pelo Brasil pela parte da energia gerada no lado paraguaio de Itaipu – um acordo bilateral prevê a compra pelo Brasil dessa energia excedente.

A espionagem teria sido autorizada em junho de 2022 pelo chefe da agência durante o governo Bolsonaro e, posteriormente, pelo sucessor dele no governo Lula, Luiz Fernando Corrêa.

Em maio de 2024, o governo brasileiro fechou um novo acordo sobre os valores pagos ao Paraguai, que teriam ficado abaixo do que o vizinho pedia.

O Itamaraty nega que o governo Lula soubesse da ação de espionagem, e diz que ela foi suspensa pelo diretor interino “tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”. O governo frisa que Corrêa só assumiu o cargo em 29 de março de 2023.

O depoimento do agente da Abin à PF foi prestado no escopo de uma investigação maior, que apura a existência de uma “Abin paralela” usada para espionar desafetos do ex-presidente Bolsonaro.

A polícia agora investiga se houve vazamento do depoimento.

A questão do preço da energia de Itaipu é um assunto que divide Brasil e Paraguai. Quando a usina foi construída, o Paraguai, por falta de infraestrutura, acabou cedendo grande parte da cota de energia ao Brasil por um valor abaixo do que considerava justo.

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