O líder revolucionário e ex-presidente de Burkina Faso Thomas Sankara foi uma das vozes mais ativas contra o Norte Global
Por Misto Brasil – DF
Em entrevista ao podcast Mundioka, especialistas analisam a trajetória do líder revolucionário que combateu as elites políticas e econômicas de Burkina Faso e ficou conhecido como o “Che africano”.
O líder revolucionário e ex-presidente de Burkina Faso Thomas Sankara foi uma das vozes mais ativas contra o Norte Global até ser assassinado, em 1987.
Quase quatro décadas após sua morte, o nome de Sankara voltou a ser símbolo de resistência entre os jovens que hoje enfrentam o neocolonialismo, a fome e a ocupação militar disfarçada de ajuda humanitária na África.
Em países como Burkina Faso, Mali e Níger, os novos líderes civis e militares evocam Sankara ao expulsar tropas estrangeiras, nacionalizar recursos e exigir soberania sobre suas narrativas. O “Che africano” virou o patrono não oficial de uma nova geração de rebeldes do Sahel.
Falar de Sankara é falar do futuro da África, crava Gustavo Durão, professor doutor da Universidade Estadual do Piauí (Uespi). O líder africano, diz, foi considerado um dos grandes interlocutores da relação de uma África contemporânea frente ao mundo globalizado.
“A gente tem que lembrar que o discurso dele na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1984 já vai mostrar bastante da sua preocupação com a situação do seu país e também da história da África como um todo. A gente também pode ver que esse foi um período em que ele se mantém como uma espécie de representante de um pan-africanismo.”
Ele destaca que Sankara pensa em um projeto comum para a África de sua época, tornando-se símbolo de uma referência política maior para todo o continente.
Natural da região do Alto Volta, onde hoje se encontra Burkina Faso, Sankara teve acesso à educação através de uma educação militar francesa. “A trajetória dele é bem semelhante à daqueles antigos súditos coloniais que percebem uma situação frágil e exploratória de suas nações.”
“Sobretudo a francesa, no caso em que é responsável por manter essa situação de dependência desses Estados africanos, desses países recém-libertos.”