A 10ª edição que aconteceria entre 1º e 6 de dezembro, em Santo Domingo, na República Dominicana, acaba de ser cancelado
Por Marcelo Rech – DF
Lançada em 1994, a Cúpula das Américas, promovida pelos EUA, pretendia consolidar-se como um fórum de discussão e aprofundamento das relações hemisféricas. Mas, ao longo de todo esse período, o que se viu foi um mecanismo fortemente rechaçado que fracassou em qualquer de seus objetivos de promoção da integração.
A 10ª edição que aconteceria entre 1º e 6 de dezembro, em Santo Domingo, na República Dominicana, acaba de ser cancelada. Inicialmente, os estragos causados pelo furacão Melissa que matou mais de 50 pessoas em Cuba, na Jamaica e no Haiti, seria a causa.
No entanto, o que realmente inviabilizou o evento foram as divergências ideológicas que se impõe na região. Cuba, Nicarágua e Venezuela, foram excluídas da Cúpula por serem ditaduras. O México, governado pela esquerda, em solidariedade, decidiu não comparecer.
O esvaziamento da Cúpula foi percebido por Washington que preferiu adiá-la para 2026, quando o cenário político pode ser outro. Haiti, Chile e Honduras, realizam eleições presidenciais ainda neste mês.
Em 2026, teremos eleições na Costa Rica, Peru, Colômbia e Brasil, entre fevereiro e outubro. Não fosse uma ditadura, também haveria eleições na Nicarágua.
A tendência, neste momento, é que as américas deem um giro à direita.
Para Washington, é fundamental apoiar os governos de Javier Milei, na Argentina; Daniel Noboa, no Equador; Santiago Peña, no Paraguai; Nayib Bukele, em El Salvador; José Raúl Mulino, no estratégico Panamá; além do futuro governante da Bolívia, Rodrigo Paz.
De acordo com as mais recentes pesquisas, a direita deve eleger o presidente da Costa Rica. No Chile, cresce o nome de José Antonio Kast, que ameaça a candidata governista Jeannette Jara. No Peru, todo o cenário político é uma incógnita. Até candidato foragido da Justiça tem chance de se eleger.
Para os EUA, a Cúpula das Américas deve ser o principal mecanismo de diálogo e coordenação política com seus vizinhos regionais. Adiar o evento foi uma decisão estratégica.
Fortalecer esse mecanismo é um dos objetivos da Casa Branca para impulsionar os governos alinhados e frear os ímpetos, sobretudo, de adversários extrarregionais como China e Rússia.

