Cultura e sexo, tudo a ver

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“Amor em tempos de festa” é o título do comunicado de imprensa sobre o estudo publicado nesta quinta-feira na revista Scientific Reports onde uma equipe de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e da Universidade de Indiana, nos EUA, esclarece algumas questões sobre os padrões de reprodução humana.

Os investigadores “viram que estes padrões cíclicos eram mais semelhantes entre países que partilhavam a mesma tradição cultural do que entre países com a mesma localização geográfica”, nota o comunicado do IGC, adiantando que “países como a Austrália ou o Brasil tinham padrões semelhantes quando comparados com países do hemisfério Norte como Portugal, Alemanha ou EUA”.

O artigo científico tem um título menos apelativo, mas mais esclarecedor sobre as conclusões desta investigação: “Os ciclos de reprodução humana são guiados pela cultura e coincidem com estados de espírito coletivos”, segundo a reportagem do Público.

Ou seja, em setembro nascem mais bebês nos países do hemisfério Norte. Porquê? Porque passaram nove meses desde as épocas festivas do Natal e passagem de ano e o seu, agora cientificamente provado, espírito fértil.

Uma investigação a 10% das publicações públicas feitas no Twitter, entre 2010 e 2014, e de pesquisas online em 130 países que incluíam termos relativos a sexo, afasta uma explicação biológica para o pico de nascimentos registados em setembro e substitui a raiz deste fenômeno por questões sociais.

Em relação às procuras por sexo na Internet, a investigação apoiou-se num serviço oferecido pelo Google, chamado Google Trends, que permite conhecer como variam as pesquisas por determinado termo ou tema, ao longo do tempo e em muitos países. Com a análise dos padrões de pesquisa, foi fácil perceber que o interesse em sexo não é uniforme ao longo do ano. 

Este lado fértil das celebrações – ou “disposição para amar”, como refere o comunicado – foi observado em duas culturas diferentes, com picos no Natal, na maioria dos países cristãos, e no Id al-Fitr (que marca o fim do jejum do Ramadão) na maioria dos países muçulmanos. O caso da celebração muçulmana é ainda mais significativo, uma vez que não ocorre na mesma data todos os anos e percebeu-se que o efeito acompanha as variações de data, confirmando um padrão cultural.

O cientista Luís Rocha admite que o estudo “não consegue separar muito bem a influência do Natal e do Fim do Ano por estarem tão próximos”, até porque, nota, as “pesquisas semanais que usamos, em alguns anos incluem as pesquisas do Ano Novo”.

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