Como ocorre em toda eleição, o balanço do primeiro turno do pleito municipal de 2016 apresenta vencedores e derrotados. Entre os perdedores o PT é o principal destaque, pois está fora do comando de sua grande vitrine, a cidade de São Paulo, e viu reduzir drasticamente o número de prefeituras sob sua administração. Do outro lado, o PSDB é o grande vencedor e, mais ainda, o governador Geraldo Alckmin ganhou nova musculatura política e se recolocou no xadrez político nacional.
Ao bancar a candidatura do recém-eleito João Dória em São Paulo, Alckmin acumulou uma vitória dupla, uma de caráter externo e outra de valor interno. Vamos às duas “faces” desse êxito do governador paulista.
No plano externo, Geraldo Alckmin mostrou empenho e força para fazer de seu candidato, até então pouco conhecido do eleitor médio, vitorioso em primeiro turno. Cabe lembrar que havia ao menos três outras candidaturas competitivas – o atual prefeito Fernando Haddad (PT), a senadora Marta Suplicy (PMDB) e Celso Russomanno (PRB) – e tudo indicava que um deles iria ao segundo turno contra o tucano. As pesquisas, por sinal, não captaram o arranque final de Dória na disputa e o resultado surpreendeu a muitos. O eleitorado nacional passa novamente a olhar Alckmin como alternativa para 2018.
No plano interno, o êxito de Alckmin é ainda mais relevante. Na fase da pré-campanha, o governador enfrentou outras lideranças de seu partido, como o ministro José Serra, para cravar o nome de dória na cabeça da chapa municipal. Ao final de um tenso processo, o PSDB saiu dividido e muitos apostavam em uma fragorosa derrota do candidato e, por tabela, de seu criador. Agora, o governador pode falar mais alto com seus interlocutores no PSDB. Os outros dois pré-candidatos naturais à sucessão presidencial em 2018, Serra e Aécio Neves, precisarão rever suas estratégias a partir de agora.
É claro que falta muito tempo para 2018 e outras variáveis entrarão no balaio sucessório. Geraldo Alckmin, porém, mostra fôlego nesse momento e já se coloca na disputa. Resta saber se esse fôlego será mantido nos próximos dois anos e se a cúpula tucana mais uma vez bancará sua candidatura. O tempo responderá.