O que é mais condenável? Tripudiar sobre a doença e a tristeza de seus familiares ou usar esse drama como trampolim político? As duas me parece que são execráveis do ponto de vista humano, mas andam juntas há uma semana nas redes sociais e na Imprensa.
Na tarde deste sábado, o ex-presidente Lula da Silva atacou a Lava Jato, a maior operação contra a corrupção da História do país. Se esta investigação continuar nesse ritmo vai colocar fora de combate muita gente da política, como o próprio ex-presidente.
Num momento de dor até é compreensível que alguém fale além do razoável e do racional. Os sentimentos são muitos e normalmente somos levados a culpar alguém pela morte de um ente querido, como é o caso de dona Marisa Letícia.
Lula: “Marisa morreu triste por conta da canalhice que fizeram com ela”. Foi o que disse nesta tarde, no sepultamento de sua esposa.
Entretanto, há os sinais de que esta acusação prosseguirá e – condenável – como alavanca política. É o que se desenha tanto pelo viúvo como por seus companheiros. Nas redes sociais há uma sistemática campanha contra a Lava Jato e a seus investigadores. E para o juiz que representa essa nova ordem, Sérgio Moro, deseja-lhe a morte.
E voltamos à pergunta acima: o que é mais condenável? E neste momento de dor pessoal procura-se dividir e não confortar. A impaciência e a falta de compreensão parece moldar o ambiente de virulência verbal.
O que não se faz em nome de uma linha ideológica? O que é permitido e o que é condenável pelo bom senso e pela educação? Realmente as respostas são muitas, mas provavelmente a compreensão deveria prevalecer. Não é o que parece.