Esperando Janot

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O mundo político terá uma semana agitada. Aguarda-se para os próximos dias a divulgação da segunda lista de Janot. Na prática, o procurador-geral pedirá ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar políticos cujos nomes foram nas delações da Odebrecht.

O movimento de Janot tornará ainda mais tenso o já conturbado ambiente de Brasília. Algumas consequências são inevitáveis.

Para o governo, há o risco de que as reformas em discussão no Congresso Nacional, em especial a da Previdência, fiquem em segundo plano. Isso poderá minar o cronograma de votações estabelecido pelo Planalto e, mais ainda, colocará em xeque o conteúdo das propostas em debate.

Além disso, a base aliada, ao que tudo indica, será o principal alvo da ação de Janot. Assim, novas fissuras podem surgir dentro do bloco governista – que por natureza já não é coeso.

Importante frisar que a ação de Janot pode gerar mais espuma do que substância. Processos do tipo e da escala desse são lentos e é necessário se seguir todo o rito com rigor. Do contrário, corre-se o risco de questionamentos legais, o que pode macular toda a questão.

A opinião pública, portanto, pode sentir-se frustrada com os resultados do processo. Isso alimentará o descolamento já existente entre a classe política e a sociedade, o que é muito ruim para nossa ainda frágil democracia.

Em “Esperando Godot”, peça clássica de Samuel Beckett, duas personagens ficam no aguardo da chegada de um certo Godot, que jamais aparece. A frustração é geral, ao final do texto. O Brasil não é um cenário de Beckett, mas é preciso cautela com a ação do procurador-geral. As chances de frustração são reais. Enquanto isso, seguimos esperando Janot.

 

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