Há alguns dias, políticos e gente do Judiciário se encontram para achar uma saída para o caixa dois na política brasileira. É coisa de Pedro Álvares Cabral, dizem, para justificar o crime.
A anistia iminente é articulada pelos grandes partidos sob os auspícios do Palácio do Planalto e com o acompanhamento de membros da Justiça Eleitoral.
O próprio presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, disse que é preciso separar o caixa dois do crime e o crime do caixa dois. Como assim?
A tese vem desde Delúbio Soares, que cunhou a pérola do “dinheiro não contabilizado” no calor das investigações da CPMI do Mensalão, que pegou o PT no contrapé.
A falta de compostura da classe política não tem limites. A frase do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, ontem é esclarecedora. “Não vai sobrar ninguém”, ao justificar a indicação de uma ré para uma secretaria recém-criada. “Eu sou réu”. Ah, bom…
Mas como, cara pálida, não sobra ninguém? Deve ser da laia do governador fluminense, que está no meio da maior crise financeira do estado.
A articulação para salvar os Apóstolos (como disse Ricardo Boechat) é uma ação jocosa, suja. Não se vê uma mesma disposição para melhorar o sistema político, definir parâmetros para o financiamento de campanhas, impor limites aos absurdos e às chantagens e nem mesmo regular a atuação dos partidos políticos, que se transformaram em quadrilhas, ou a influência cada vez maior de famílias na política partidária.
Os partidos são iguais às torcidas organizadas. Foram criadas para ajudar o futebol, mas se transformaram em redutos para a violência e o crime. Assim são as agremiações partidárias. Uma máfia financiada com dinheiro público e pelo caixa dois. Hoje, um desserviço às boas práticas.