Concluída a votação da segunda denúncia contra o presidente Temer e confirmada a (esperada) vitória, o Planalto se prepara para novos desafios. O que esperar do governo a partir de agora?
Em primeiro lugar, será necessário recompor a base aliada. O governo recebeu 251 votos favoráveis, menos que os 263 registrados no processo da primeira denúncia. Os aliados encolheram.
Há problemas pontuais a serem resolvidos. O principal talvez esteja no PSDB, um partido cada vez mais arisco em suas relações com o Planalto. Apesar de ocupar postos-chave no primeiro escalão, o tucanato não apoia o governo em sua integralidade. A votação da última quarta-feira deixou isso claro e os demais aliados, o Centrão em especial, cobram de Temer punições rigorosas.
É importante ressaltar que os votos dados pela não continuidade do processo contra Temer não significam apoio à agenda governista. Ao contrário, as dificuldades para o Planalto emplacar suas propostas tendem a aumentar agora.
O tema central do governo, a reforma da Previdência, muito dificilmente avançará a curto e médio prazos. Será necessária uma sofisticada engenharia política para que Temer consiga o apoio de 3/5 do Congresso Nacional e aprove a proposição. Com as eleições se aproximando, os parlamentares não bancarão qualquer desgaste com o eleitorado.
Na verdade, ao governo restará apostar em matérias que impliquem em quorum não qualificado (legislação ordinária) e em medidas que não passem pelo Congresso Nacional. Mesmo assim, há de se ter cautela com essas proposições – a polêmica em torno das novas regras para definir o trabalho escravo é um claro exemplo disso.
Em suma, Temer venceu mas ainda não convenceu. O jogo, para o presidente, apenas mudou de fase. Resta saber se o Planalto terá condições políticas de enfrentar os novos e difíceis desafios que se desenham no horizonte.