O presidente do Peru, Martín Vizcarra, dissolveu na ontem (30) o Congresso do país, controlado pela oposição, e convocou novas eleições para 26 de janeiro de 2020. Em resposta, o Congresso decidiu suspender o mandato de Vizcarra e empossou no seu lugar a vice-presidente, Mercedes Aráoz, mergulhando o país num impasse institucional.
Na prática, o Peru tem no momento dois políticos que se intitulam presidente. A decisão de Vizcarra de dissolver o Congresso é amparada pela Constituição, e ele conta com o apoio das Forças Armadas, enquanto a medida do Congresso é questionada por especialistas por ter sido tomada quando o mesmo já havia sido dissolvido.
A origem da crise institucional peruana, que será levada ao Tribunal Constitucional, tem relação com escândalos de corrupção trazidos à tona pela Operação Lava Jato, que atingiu quatro ex-presidentes e líderes da oposição no país e também teve repercussões políticas agudas no Brasil.
Vizcarra, que inicialmente era vice-presidente, assumiu o mandato em março de 2018 após a renúncia do então presidente Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK, que havia sido acusado de receber propinas da Odebrecht e enfrentou duas tentativas de impeachment.