O bug da informação 

Televisão controle remoto telecomunicações Misto Brasília
O funcionamento de canais de televisão depende de autorização do governo/Arquivo/SBT
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 A TV era a voz da verdade, pouco se conhecia a respeito do contraditório

Nas décadas anteriores, tínhamos uma câmera, uma versão, um discurso, uma ideologia, tudo a serviço de uns poucos interesses. A informação era concentrada e muito facilmente manipulável, mediante construções falseáveis como edição, narrativa, iluminação, plano de filmagem etc.

A TV era a voz da verdade, pouco se conhecia a respeito do contraditório. A guerra ideológica já existia, mas ela era sutil, sugestiva, sublimada em novelas, músicas de sucesso, clichês, chavões, deificação de personalidades públicas e seus estilos de vida desejáveis. Não que isso tenha saído de cena, mas a cooptação é mais direta e agressiva.



Hoje, por exemplo, cada um tem uma câmera, tem seu microfone, seu editor de vídeo ou foto e sua versão para apresentar a respeito dos fatos. A descentralização da informação multiplicou as versões e os discursos, agora, são validados pela autoridade de quem vê – o espectador deixou de ser passivo, mero recebedor de notícia, e passou a ser produtor dela.

Portanto, quando uma emissora de TV diz que as manifestações de ontem foram “antidemocráticas”, retratando a comemoração da Independência e a ida de milhões de brasileiros às ruas como algo nocivo ao estado de direito, as milhões de vozes que passaram a construir esse hipertexto entram em colapso com a voz única e autoritária do poder midiático.

A dissolução desse poder se observa em toda parte: diminuição de telespectadores, de verba, de venda de cotas de publicidade, hostilidade crescente do povo às mídias tradicionais etc. Poder é também geração de renda e as grandes mídias vêm perdendo seu poder gerador de lucros ano após ano.



O discurso não cooperativo-manipulativo, com seguidas infrações às máximas conversacionais (Grice, 1975), podem retirar a credibilidade da fonte de informação.

É, portanto, preocupante que sujeitos conscientes desses jogos sociais e discursivos – especificamente, da Academia – aceitem passivamente a versão da notícia que impõem as mídias tradicionais, não obstante as intrincadas redes de descentralização e circulação de informação surgidas com o desenvolvimento da tecnologia.


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