Depoimentos cheios de contradições na CPI dos Atos Antidemocráticos

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Cacique Terere na audiência da CPI dos Atos Antidemocráticos/Agência CLDF
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Armando Valentim Settin Lopes e José Acácio Serere Xanvante fizeram pouco caso dos deputados distritais durante os questionamentos

Por Misto Brasília – DF

Duas pessoas foram ouvidas hoje (31) na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa. Nos dois depoimentos, houve muitas contradições entre o que já foi apurado pela polícia e o que disseram Armando Valentin Settin Lopes e José Acácio Serere Xavante.

Serere é o cacique indígena e pastor evangélico que foi preso no dia 12 de dezembro. Com a sua prisão, bolsonaristas provocaram uma baderna no Distrito Federal e tentaram invadir a sede da Polícia Federal para resgatar o acusado. Foram queimados veículos e ônibus e o patrimônio público foi depredado.

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Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, preso por conta das invasões de 8 de janeiro estava no acampamento bolsonarista na frente do QG do exército em Brasília e teria participado de reuniões em que eram planejados ataques a bomba na rodoviária do plano piloto.

No depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, ele afirmou ainda que vários participantes do acampamento sugeriram colocar bombas na rodoviária e na subestação de energia elétrica de Brasília.

Na CPI, ele negou todo o depoimento e pediu que fosse desconsiderado tudo o que declarou à polícia, o que causou estranheza aos parlamentares.

“Eu estava sem meus óculos, eu queria ir embora logo, estava em pânico”, declarou Settin sobre o depoimento prestado. Ele confirmou que frequentou o acampamento, mas que “só passava lá de vez em quando”.

“Minha namorada e eu ficamos com vontade de urinar, por isso entramos no prédio invadido”.

Ele afirmou ainda que chegou a subir na rampa do Palácio do Planalto, Mas que não entrou no prédio porque sua intenção no movimento era pacífica. “Eu fui por curiosidade, só isso”.

“Eu estava pedindo [intervenção militar], mas eu não sabia nem o que era na verdade, eu estava desesperado. Hoje eu não quero mais nada”.

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Armando Valentin Settin Lopes durante depoimento disse que precisava fazer xixi/Eurico Eduardo/Agência CLDF

José Acácio Serere Xavante está preso há nove meses no complexo penitenciário da Papuda. É acusado de incitação ao crime.

Questionado sobre quais seriam as reais motivações de sua vinda a Brasília, Xavante alegou não acreditar no resultado das eleições presidenciais porque, segundo ele, as urnas seriam passíveis de fraude.

“Não acredito nas urnas eletrônicas porque o Ministério da Defesa falou que as urnas são fáceis de ser hackeadas”.

Ele disse que permaneceu por 30 dias acampado em frente ao QG do Exército. Ele negou que tenha sido financiado para bancar sua alimentação e estadia na capital. Questionado pelo deputado Chico Vigilante (PT), o indígena afirmou que toda a alimentação que recebia era fruto de “uma benção de Deus”.

A CPI exibiu, no entanto, um vídeo em que Didi Pimenta, fazendeiro em Campinápolis (MT), mesma cidade do cacique, assume que financiou as despesas de Serere e demais indígenas de sua aldeia para serem transportados para Brasília e protestarem contra o resultado das eleições. No vídeo, o fazendeiro ainda pede doações via PIX para financiar as despesas do cacique. Xavante negou que conhecesse o fazendeiro e que tenha tido qualquer contato com ele.

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