Presidente brasileiro, que assumiu a presidência do G20, disse que vai convidar o presidente russo para visitar o Brasil
Em entrevista na noite de sábado (09) à televisão indiana Firstpost, o presidente Lula da Silva afirmou que a guerra na Ucrânia não deveria fazer parte da agenda do G20, afirmando que o encontro deveria estar focado em questões sociais e econômicas.
Ele também garantiu na entrevista que Putin será convidado para a cúpula do G20 no Brasil e que não será preso, apesar do mandado de prisão contra ele emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em março passado por crimes de guerra.
Sobre a reforma das instituições de governança internacional, Lula insistiu no seu apelo para que mais países se juntem ao Conselho de Segurança da ONU e para que as nações em desenvolvimento tenham mais voz no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial.
Mas o tema que dominou a agenda de Lula na cúpula da Índia foi o apelo à ação contra as alterações climáticas, com um aviso de que o mundo enfrenta uma “emergência climática sem precedentes”.
Presidência temporária do G20
O Lula da Silva recebeu neste domingo (10) do premiê indiano, Narendra Modi, a presidência do G20 e apresentou as três prioridades da agenda brasileira no comando do grupo: o combate à desigualdade e à fome, o combate às mudanças climáticas e a reforma das instituições de governança internacional, informou a Agência DW.
A passagem simbólica da liderança do bloco foi feita ao final da 18ª cúpula do G20. O Brasil só assumirá o posto em 1º de dezembro.
“Todas essas prioridades estão contidas no lema da presidência brasileira, que diz ‘Construindo um mundo justo e um planeta sustentável’”, afirmou Lula. Ele anunciou que serão criadas duas forças-tarefas: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.
No discurso de encerramento da cúpula realizada em Nova Déli, capital da Índia, Lula reiterou também a posição brasileira de afastar das principais discussões do bloco a guerra na Ucrânia. Sem mencionar diretamente o conflito, ele disse que não se pode deixar que “questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias do G20. Não nos interessa um G20 dividido”.
Lula tocou na questão um dia após o G20 divulgar um comunicado final no qual condena indiretamente a guerra na Ucrânia, mas evita criticar a Rússia pela invasão, um reflexo da falta de consenso no bloco sobre o assunto.
Os Estados Unidos e alguns países europeus queriam a condenação de Moscou. O texto denunciou o uso da força para obter ganhos territoriais, mas evitou criticar diretamente a Rússia pela invasão lançada em fevereiro de 2022.
O presidente brasileiro lembrou a tragédia no Rio Grande do Sul em decorrência da passagem de um ciclone extratropical. De acordo com um balanço, divulgado às 18h deste sábado, o estado contabiliza 41 mortes e 46 pessoas seguem desaparecidas. São 88 municípios em estado de calamidade pública.