Dois servidores foram presos e diretores foram afastados nesta manhã durante a Operação Última Milha, autorizada pelo Supremo
Por Misto Brasil – DF
Foram encontrados cerca de US$ 200 mil (aproximadamente R$ 1 milhão) durante as buscas realizadas nesta manhã na Operação Última Milha contra servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Inicialmente o valor divulgado tinha sido de US$ 150 mil.
As investigações apuram o uso de equipamentos de geolocalização de forma ilegal num esquema de arapongagem executados durante o governo de Jair Bolsonaro. O jornalista César Tralli funcionários e diretores da Abin são suspeitos de terem usado um equipamento israelense para espionar telefones de políticos, advogados, jornalistas, juízes e até ministros do Supremo.
Segundo um desses interlocutores, durante meses, a espionagem eletrônica rastreou “centenas de celulares” de quem frequentava o STF, de acordo com o g1. A investigação identificou 33 mil acessos da localização telefônica dos mais diversos alvos.
Até o momento, a Polícia Federal conseguiu levantar apenas cerca de 1,8 mil dos 33 mil acessos ilegais.
A GloboNews publicou que a lista inclui um homônimo do ministro do STF Alexandre de Moraes – o que, segundo os investigadores, reforça a desconfiança de que o ministro tenha sido alvo do esquema ilegal.
Nota da Abi sobre a ferramenta de geolocalização
A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) informa que, em 23 de fevereiro de 2023, a Corregedoria-Geral da ABIN concluiu Correição Extraordinária para verificar a regularidade do uso de sistema de geolocalização adquirido pelo órgão em dezembro de 2018.
A partir das conclusões dessa correição, foi instaurada sindicância investigativa em 21 de março de 2023. Desde então, as informações apuradas nessa sindicância interna vêm sendo repassadas pela ABIN para os órgãos competentes, como Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal.
Todas as requisições da Policia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmete atendidas pela ABIN. A Agência colaborou com as autoridades competentes desde o início das apurações.
A ABIN vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira (20). Foram afastados cautelarmente os servidores investigados.
A Agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da ABIN reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito.
Nota informativa da Polícia Federal sobre a Operação Última Milha
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (20), a Operação Última Milha para investigar o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Policiais federais cumprem 25 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva, além de medidas cautelares diversas da prisão, nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. As medidas judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal.
De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.
Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da Agência que, em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar, teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão.
Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
25 Mandados de Busca e Apreensão: 17 DF (Brasíilia), 1 GO (Alexânia), 2 SP (1 São Paulo e 1 São José dos Campos), 2 PR (1 Curitiba e 1 Maringá), 3 SC (1 Florianópolis, 1 São José e 1 Palhoça).
Dois Mandados de Prisão Preventiva: Distrito Federal e 5 Mandados de Afastamento: Distrito Federal