Conheça detalhes do inquérito das joias contra Bolsonaro

Bolsonaro chora Misto Brasília
Bolsonaro alterou o registro de imunização no cartão de vacinação/Arquivo/Reprodução TV Brasil
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O sigilo do relatório foi retirado nesta segunda-feira (08) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal

Por André Richter – DF

A Polícia Federal (PF) concluiu que aliados de Jair Bolsonaro montaram uma “operação de resgate” para recuperar parte das joias sauditas que foram desviadas durante o governo dele. A conclusão está no relatório no qual a PF indiciou o ex-presidente e mais 11 acusados de participar do suposto esquema.

O sigilo do relatório foi retirado nesta segunda-feira (08) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.

Leia – Ministro suspendeu sigilo do inquérito sobre as joias de Bolsonaro

De acordo com a Polícia Federal, parte das joias estava em lojas nos Estados Unidos à espera de compradores, mas foram resgatadas às pressas e enviadas ao Brasil após matérias jornalísticas informarem que a corporação investigava o esquema de venda ilegal dos itens e o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar a devolução dos bens, em marco de 2023.

Os investigadores conseguiram rastrear pelo menos três kits de joias que foram resgatados. Um kitmasculino da marca Chopard foi retirado da loja Fortuna Auctions, localizada no estado de Nova Iorque.

A Polícia Federal (PF) concluiu em investigação que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve participação no desvio ou na tentativa de desvio de mais de R$ 6,8 milhões em presentes como esculturas, joias e relógios, recebidos de países estrangeiros em razão de sua condição de mandatário do Brasil.

O valor que consta na conclusão do relatório é R$ 25 milhões, mas a PF informou horas depois de o documento vir a público que houve erro material na redação das conclusões, e que o valor correto é R$ 6,8 milhões, conforme consta em outros trechos do relatório.

A investigação da PF apurou a existência de uma associação criminosa cujo objetivo seria, especificamente, desviar e vender objetos de valor recebidos por Bolsonaro como presente oficial.

“Identificou-se ainda que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem localização e propriedade dos valores”, aponta o relatório da PF.

A Polícia Federal concluiu que parte das joias sauditas recebidas pelo governo do ex-presidente saíram do país em uma mala transportada no avião presidencial no dia 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro deixou o país para passar uma temporada nos Estados Unidos no fim de seu mandato.

O relatório indiciou o ex-presidente e mais 11 acusados de participarem do suposto esquema. O sigilo do relatório foi retirado nesta segunda-feira (8) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.

“A análise dos dados armazenados no telefone celular apreendido em poder de Mauro Cid, contextualizada com os dados obtidos em fontes abertas e sistema disponíveis, indica que os investigados, que compunham a equipe do ex-presidente da República  utilizaram o avião presidencial, no dia 30 de dezembro de 2022, para retirar do país bens de alto valor, recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, levando-os para os Estados Unidos da América”, diz o relatório.

Joias caneta relógio Misto Brasília
Joias que foram dadas como presente para o Brasil no governo Bolsonaro/Reprodução

Dólares

Em um dos casos de desvios citados na investigação, a PF citou que o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, recebeu dinheiro na sua própria conta para ocultar a origem do dinheiro oriundo da venda das joias.

“Em continuidade aos atos de lavagem de capitais, os recursos decorrentes da venda dos relógios Patek Philippe Calatrava e Rolex Day-Date, US$ 68.000,00 foram depositados na conta bancária de Mauro Cesar Lourena Cid, com objetivo de ocultar a localização, disposição, movimentação e propriedade dos bens auferidos ilicitamente, distanciando aa quantia de sua origem”, concluiu a PF.

Ordens de Bolsonaro

A PF concluiu ainda que as vendas das joias ocorriam por determinação de Bolsonaro. Segundo a corporação, presentes dados por autoridades estrangeiras devem ser entregues ao Gabinete Pessoal da Presidência da República (GADH/GPPR), órgão responsável pela análise e definição do destino dos objetos.

“Os dados analisados indicam a possibilidade de o gabinete ter sido utilizado para desviar, para o acervo privado do ex-presidente da República, presentes de alto valor, mediante determinação de Jair Bolsonaro.

Ainda no referido contexto, há indícios de que alguns presentes recebidos por Jair Messias Bolsonaro em razão do cargo teriam sido desviados sem sequer terem sido submetidos à avaliação”, concluiu o relatório.

Bolsonaro se manifesta no X

O ex-presidente se manifestou há pouco sobre o caso, especificamente sobre a correção dos valores anunciados hoje pela Polícia Federal. Ele misturou informações para atender ao seu público.

“Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias “desviadas” estão na CEF, Acervo ou PF, inclusive as armas de fogo. . Aguarda-se a PF se posicionar no caso Adélio: “quem foi o mandante?” . Uma dica: o delegado encarregado do inquérito é o atual Diretor de Inteligência.”

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