Não falamos aqui do famoso “ladrão de galinha”, mas sim do crime organizado, fortemente armado e que invade residências
Por André César – SP
Ao lado da economia, da saúde e da educação, a segurança pública representa uma das questões politicamente mais sensíveis da agenda brasileira. Pior, trata-se de um problema crônico, que não tem sido enfrentado com eficiência pelas autoridades e pela sociedade civil organizada.
Não são necessários números ou dados estatísticos para se perceber que o quadro é sério. O cidadão comum sente no cotidiano a falta de segurança – e o medo e incerteza dela decorrentes. Há uma sensação real de desamparo, de abandono total nesse campo. A barbárie está vencendo a civilização.
Tome-se como exemplo o que vem ocorrendo nos últimos dias no Rio de Janeiro. Operações da Polícia Militar têm gerado intensos tiroteios no Complexo de Israel, localizado na Zona Norte da cidade, levando pânico aos moradores. Nessa região, as comunidades assistem, indefesas, a uma disputa entre traficantes rivais. O reinado é do terror absoluto.
Outro exemplo registrou-se recentemente na Baixada Santista, no estado de São Paulo. Para vingar a morte de um colega, policiais começaram a matar indiscriminadamente dezenas de pessoas, muitas delas sem vínculo algum com o crime. Execução clara, por parte de um tribunal macabro.
Não falamos aqui do famoso “ladrão de galinha”, mas sim do crime organizado, fortemente armado e que invade residências, aterroriza famílias e vai progressivamente conquistando espaço em todo o país – espaço no mundo da política, inclusive.
Para começar a solucionar o complexo problema, são necessárias algumas ações conjuntas entre os diferentes entes da Federação e também entre as polícias.
Bancos de dados unificados ajudam muito, bem como reforços nos programas de inteligência. Aliás, prevenir é muito mais eficaz que remediar. E requer investimentos de monta em um país que luta para ajustar suas contas.
Enfim, há uma verdadeira epidemia de violência de norte a sul do Brasil, com o cidadão cada vez mais acuado em casa e nas ruas. Quem tem condições econômicas (poucos, cabe sempre ressaltar) transforma seus lares em verdadeiros bunkers. Triste realidade.
A questão é urgente. Como jamais foi.