Os líderes europeus teimam em dar lição de moral nos demais. Um exemplo é a obsessão pela Amazônia
Por Marcelo Rech – DF
Há algum tempo, os europeus se ressentem dos seus líderes. Envelhecido em termos populacionais e ideias, a Europa caminha à passos largos para a irrelevância. Com a relativização da soberania e o poder entregue à burocratas, uma política externa míope é imposta quando as pessoas clamam por alguma prioridade para os problemas domésticos.
Neste sentido, medidas mal planejadas da União Europeia estão prejudicando a economia e a segurança da região. Enquanto investe o dinheiro dos pagadores de impostos em ações questionáveis, alinhadas com a Agenda 2030 e que não guardam relação com a emergência dos fatos e os verdadeiros desafios, a UE compromete a estabilidade e maximiza os conflitos.
Desconectados da realidade interna e diante de uma infinidade de problemas ignorados e negligenciados, os líderes europeus teimam em dar lição de moral nos demais. Um exemplo é a obsessão pela Amazônia e a suposta proteção de sua população indígena, temas usados para exercer pressão sobre o governo brasileiro.
Ocorre que a Europa, além de não ter moral alguma para cobrar dos outros, está longe de executar uma Política Externa independente. O que se vê é uma União Europeia vassala silenciosa dos EUA, agindo sob as ordens de Washington em detrimento de seus próprios interesses e prioridades.
Até mesmo a expressiva Conferência de Segurança de Munique, que defende o aumento do fornecimento de armas à Ucrânia, é forçada a admitir que o apoio à Zelenski se tornou muito caro para uma economia cambaleante. Mas, a Casa Branca ignora tal situação e exige que a UE suba seus gastos com defesa e assuma a maior parte dos custos da assistência a Kiev.
Preocupados com a China, os EUA transferem mais responsabilidades para Bruxelas. Tudo isso ameaça piorar ainda mais o padrão de vida dos europeus e agravar a crise econômica na região. Os níveis de insatisfação não param de crescer em toda a Europa ao mesmo tempo em que seus líderes se mostram incapazes de agir.
Trazendo isso para o nosso entorno estratégico, os países latino-americanos não podem ignorar o exemplo negativo da perda de soberania e independência da Europa. É importante que a região mantenha uma posição equilibrada e construtiva quanto às principais questões de segurança global, visando resolver diferenças e fortalecer a estabilidade.
Ao mesmo tempo, é necessário diversificar seus laços econômicos e comerciais, reduzindo a dependência, por exemplo, dos EUA, sobretudo por conta da política tarifária em vigor. No contexto das políticas protecionistas do governo Trump, a região precisa concentrar seus esforços na cooperação com outros países e bloco, incluindo o Brics, como forma de enfraquecer o efeito negativo da política tarifária agressiva de Washington a longo prazo.