Uma região de paz e violência

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Miguel Uribe foi baleado no final de semana por um sicário de apenas 15 anos/Reprodução de vídeo
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A Colômbia atravessa grave crise econômica e a segurança encontra-se na berlinda, com os narcotraficantes retomando o controle

Por Marcelo Rech – DF

No sábado, 7, a Colômbia voltou ao noticiário por conta de mais um atentado político. Desta vez, o jovem e promissor senador do Centro Democrático, o partido criado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, Miguel Uribe Turbay, foi o alvo de um sicário de apenas 15 anos.

Turbay perdeu a mãe assassinada em 1990, durante uma fracassada operação de resgate – ela foi sequestrada pelo Cartel de Medelín, de Pablo Escobar – após cinco meses de cativeiro.

Leia: candidato na Colômbia é baleado por menino de 15 anos

Miguel Uribe Turbay de 39 anos e um dos expoentes da direita colombiana, luta pela vida, enquanto os colombianos temem a volta da violência política ao país. Com a ascensão de Gustavo Petro à presidência do país, em 2022, os acordos de paz com as Farc começaram a naufragar e os diálogos com as guerrilhas menores, estancou de vez.

Gustavo Petro, ex-guerrilheiro do Movimento 19 de abril, grupo marxista surgido em 1970, goza de baixíssima popularidade. A Colômbia atravessa grave crise econômica e a segurança encontra-se na berlinda, com os narcotraficantes retomando o controle territorial de várias partes do país.

Neste cenário de incerteza, a figura do jovem senador estava em franco crescimento. Crítico mordaz da esquerda, opositor ferrenho e contundente nas denúncias contra os narcotraficantes, ele se tornou um alvo. As eleições presidenciais na Colômbia acontecem em maio de 2026. Antes, em março, os colombianos elegerão um novo Parlamento.

Em agosto de 2023, o filho de Gustavo Petro, Nicolás, foi preso acusado de lavar dinheiro dos cartéis de droga de quem também recebera dinheiro para a campanha do pai. Detido desde então, ele pode pegar 15 anos de prisão. No entanto, o escândalo não foi suficiente para atingir o presidente.

Agora, o atentado sofrido por Turbay promete trazer a questão à tona novamente, uma vez que o atacante teria sido contratado pelos cartéis de droga para eliminar um político incômodo. Petro tratou de desvencilhar-se dos eventos e culpou a vítima.

Segundo ele, o senador fez um comício não programado e seus seguranças não o protegeram – eram todos da Polícia Nacional – de eventuais ataques. Na prática, pouco se sabe a respeito das verdadeiras motivações do adolescente contratado para o assassinato.

De qualquer forma, os eventos de sábado reacendem o temor de que a violência política volte a ditar as cartas nas eleições em toda a região. No Equador, no ano passado e neste ano, candidatos foram assassinados. No México, nas eleições municipais e presidenciais, vários deles foram eliminados também pelos cartéis.

Apesar de ainda ser vendida como uma região de paz, livre de armas de destruição em massa, a América Latina é unida, lamentavelmente, por uma série de problemas comuns, como insegurança, crime organizado e corrupção. Estes três ingredientes somados à forte e persistente desigualdade social, formam a receita ideal para atentados políticos.

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