A taxa básica de juros poderá retornar ao patamar registrado em 30 de novembro de 2016
Por Vivaldo de Sousa – DF
A inflação de 0,67% junho, medida pelo IPCA/IBGE, deve fazer com que o Banco Central eleve a taxa básica de juros em agosto a pelo menos 13,75%. Os juros começaram a subir em março deste ano, quando passaram a 2,75% ao ano, depois de permanecerem em 2% durante quatro meses, entre agosto de 2020 e janeiro de 2021.
Caso suba 0,5 ponto percentual em relação aos 13,25% registrados atualmente, a taxa básica de juros retornará ao patamar registrado em 30 de novembro de 2016. Mas há uma diferença importante: na época a taxa de 13,75% indicava uma tendência de queda iniciada no mês anterior, ao ser reduzida de 14,25% para 14%.
Além da reunião marcada para os dias 1º e 2 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável pela definição da taxa de juros, terá uma segunda reunião antes de 2 de outubro, dia das eleições gerais de 2022. Será nos dias 19 e 20 de setembro. E há possibilidade de que os juros continuem subindo.
Tradicionalmente, o Copom adota dois parâmetros para definir a Selic, nome oficial da taxa básica de juros: o nível da atividade econômica, que está numa lenta recuperação, e a expectativa de inflação, que vinha se reduzindo antes da divulgação nesta sexta-feira (8.7) do IPCA de junho, que já acumula alta de 5,49% desde janeiro.
Em junho, ao divulgar a ata da reunião do mês passado, o Copom já havia sinalizado para a reunião de agosto a manutenção de juros altos por mais tempo ou de elevar a taxa Selic a um patamar mais elevado ao final do ciclo de aperto monetário. Além de combater a inflação, aumentos na taxas de juros também desaceleram a atividade econômica.
Num ano de eleições, com o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, em segundo lugar nas pesquisas de opinião, medidas que desestimula a recuperação da economia podem ter impacto negativo entre os eleitores. Outro fator que pode contribuir para o BC manter os juros altos é a adoção de medidas expansionistas, como a chamada PEC Kamikaze (aqui estamos falando apenas do impacto fiscal sem entrar no mérito dos benefícios concedidos).
Políticas expansionistas contribuem para pressionar a inflação, que hoje é um problema de diversos países, obrigados a aumentar os gastos públicos para minimizar os impactos sociais e econômicos da pandemia. Nos Estados Unidos, o Fed (banco central norte-americano) sinalizou nesta sexta-feira (8.7) que deve subir a taxa básica de juros no final deste mês.