A Human Rights Watch analisou menos de 0,0001% de um total de 5,85 bilhões de imagens e legendas no conjunto de dados
Por Misto Brasil – DF
Um estudo divulgado nesta segunda-feira (10) pela organização não governamental Humans Right Watch aponta que imagens de crianças e adolescentes brasileiros têm sido usadas sem plena autorização, conhecimento ou consentimento, para o treinamento de ferramentas de inteligência artificial (IA).
De acordo com o relatório, as fotografias são coletadas na internet e inseridas em um extenso conjunto de dados que empresas de IA utilizam para treinar algoritmos.
Além disso, há quem use as fotos para criar deep fakes, que ocorre, por exemplo, quando uma imagem é usada para compor um vídeo com uma fala já existente ou mesmo criada por IA, o que coloca crianças e adolescentes em situação de risco ainda maior.
“Crianças e adolescentes não deveriam ter que viver com medo de que suas fotos possam ser roubadas e usadas contra eles. O governo deveria adotar urgentemente políticas para proteger os dados das crianças diante do uso indevido impulsionado por IA”, afirma Hye Jung Han, pesquisadora de direitos da criança e tecnologia da Human Rights Watch.
A ONG encontrou pelo menos 170 imagens de 10 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
A probabilidade de que haja muito mais imagens de crianças e adolescentes brasileiros espalhadas em empresas de IA, no entanto, é um tanto evidente, já que a Human Rights Watch analisou menos de 0,0001% de um total de 5,85 bilhões de imagens e legendas no conjunto de dados.
São vários os riscos à privacidade de quem tem a imagem utilizada indevidamente na internet. O treinamento em fotos de pessoas reais pode levar algoritmos de IA a comporem clones online que, posteriormente, podem gerar imagens explícitas de menores.