Durante muitos anos a aspiração nacional por um ministério de alto nível foi resumida com essa expressão: Dez Jatenes.
O presidente eleito, nas duas semanas subsequentes à sua eleição anunciou a realização desse sonho, à medida que divulgava nomes recebidos com respeito e alegria pelo País, que descobriu no presidente mais um carioca boa praça do que o direitista exaltado com que pretenderam cunhar a sua imagem durante a campanha.
Continue carioca Presidente e assim essencialmente brasileiro.
Na nova etapa, de passar dos nomes à consecução dos feitos prometidos, lembre-se do humor e do jeito dos eleitores do Estado que por tanto tempo representou.
Tão importantes quanto os escolhidos, é de extrema relevância o fato de que não resultaram de barganhas nem negócios, mas da determinação do novo chefe, em favor do interesse da população que acabara de consagrá-lo.
Para poder continuar exercendo livremente o poder, driblando as pressões de sempre, o segredo parece ser uma sintonia fina com os anseios da população, pois os projetos adotados por ela, como sendo dela própria e para ela mesma, poderão desafiar as tramas daqueles que não temem se opor no Congresso, mas não desejam enfrentar a ira saneadora demonstrada pelo povo.
Entre as armadilhas com que procuram habitualmente enredar os governantes, está a Previdência, o canto de sereia mortal do mercado, como se este fosse mais importante do que a Nação e a questão previdenciária um problema meramente contábil, quando na verdade, como bem disse o novo Presidente, é algo a ser tratado com o coração.
A aposentadoria não pode ser um assalto ao erário, mas tampouco pode ser uma ameaça à velhice.
Na primeira aparição de Bolsonaro após o anúncio da vitória, exibiu o livro de memórias de Winston Churchill.
Tão delicada é a questão previdenciária que este notável estadista que salvou o mundo civilizado e celebrou a vitória na guerra em 8 de maio de 1945, foi derrotado dois meses depois, em julho do mesmo ano, perdendo o cargo de Primeiro Ministro do Reino Unido por se ter oposto a um fortalecimento da Previdência, tese de seu opositor Clement Attlee, um trabalhista insosso e sem graça, mas com os pés no chão, cuja personalidade se definia por uma anedota corrente à época: “Um carro vazio parou em frente à Câmara dos Comuns. Dele desceu o senhor Clement Attlee.”
Para levar à frente seus projetos, faça como De Gaulle, convoque o povo, o referendo, o plebiscito, apresente ao Congresso um prato feito, pois os antigos que estão lá, com a esperteza de sempre e os novatos que chegam com esperteza de menos, de pouca utilidade lhe serão, buscando reviver o balcão de negócios e a desmoralização da República.
Não há espaço para mais sacrifícios do povo. Do presidente ele espera a demonstração, depois de muito tempo, de que alguém se importa com ele e de que os brasileiros não mais estão sós.
Apoie-se na competência, não nas armas, das meritórias Forças Armadas do Brasil, com o seu preparo, suas escolas, Agulhas Negras, Eceme, Esao e Escola Superior de Guerra.
Agarre-se ao general Heleno como se ele fora, nas palavras de Nelson Rodrigues, seu pai, seu irmão, seu filho, seu tudo. Assim estará abraçando o que o Brasil tem de melhor em termos de patriotismo.
E permita finalmente a este articulista com 56 anos de serviço público, detentor da Comenda de Grande Oficial da Ordem do Mérito Militar do Brasil, pelos serviços jurídicos prestados como consultor da República, consultor da União e ministro do Tribunal Superior do Trabalho, e assim também familiarizado com as questões de política externa, que modestamente lembre que em matéria de relações internacionais bons negócios é que fazem bons amigos, como aqueles que só convivem em paz no nosso privilegiado País, embora na sua própria terra sejam personagens de contendas intermináveis.
Faça uma reforma bancária presidente. O Paulo Guedes declarou que o serviço da dívida nos custa sem U$S 100 bilhões por ano, o equivalente a reconstruir uma Europa por ano. E o maior rombo da Previdência não é pelos gastos mas pela falta de contribuintes, lesada pelos ricos e pelo próprio governo, além de se ressentir da ausência de contribuição de quase 60 milhões de brasileiros, entre desempregados, subempregados, desalentados e aqueles remetidos à informalidade.
Lance o seu brado e não ficará sem resposta: “Sigam-me os que forem brasileiros!”