Ministro Alexandre Silveira diz que a mineradora precisa de interlocução com o governo. Na Agência de Inteligência, a crise é pela Abin paralela
Por Misto Brasil – DF
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta sexta-feira (26) que o presidente Lula da Silva (PT) nunca faria uma interferência direta no comando da Vale.
“O presidente Lula nunca se disporia em fazer uma interferência direta numa empresa de capital aberto, listada em bolsa, que tem a sua governança e natureza jurídica que deve ser respeitada, até porque o Brasil é um país que respeita contrato, tem regulação estável”, disse Silveira a jornalistas.
Nos últimos dias, segundo fontes relataram à CNN, Lula estava disposto a ter o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega com voz ativa no comando da empresa, e não apenas como coadjuvante, com um assento no conselho de administração.
“Eu não tive nenhuma conversa com conselheiro em que eu tivesse citado uma indicação do ex-ministro Mantega para suceder o atual presidente da Vale”, declarou o ministro.
Para ele, a mineradora precisa ter uma interlocução mais próxima com o governo e respeitar as políticas públicas do país.
“A Vale precisa avançar muito na sua relação com a sociedade e com o governo. No meu estado [Minas Gerais], ela não tem uma boa relação com a comunidade onde ela explora o minério de ferro, ela não tem uma relação próxima e isso é importante, que ela seja aprovada pela comunidade”.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva avalia a demissão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), após o avanço das investigações da Polícia Federal que apura suposta instrumentalização do órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Como mostrou a CNN, a operação desta quinta-feira (25), aumentou a pressão sob a atual gestão da Abin. Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pela CNN, em caráter reservado, dizem que Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Abin, e Alessandro Moretti, diretor-adjunto, estão em “posição de fragilidade”.
A avaliação é corroborada por alas do governo. A agência está subordinada à Casa Civil. Cabe, então, ao ministro Rui Costa assinar as demissões.
No relatório encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, a Polícia Federal fala de um possível conluio entre os investigados de atuar na “Abin paralela” e a atual direção do órgão.
De acordo com os investigadores, a atual gestão da Abin teria montado, com os investigados, um acordo para formação de uma estratégia conjunta e para “cuidar da parte interna”.