Julius Baer Brasil disse que o mercado não acredita nos R$ 70 bilhões de economia que o governo projetou
Por Misto Brasil – DF
Para o economista sênior da Julius Baer Brasil, Gabriel Fongaro, o governo Lula da Silva perdeu todas as oportunidades que teve de ancorar as expectativas com o mercado.
“[O pacote de corte de gastos] era uma delas e era a crucial”, afirmou em entrevista ao Money Times.
Fongaro disse que o pacote anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esta semana decepcionou tanto em relação à economia prevista quanto na qualidade das medidas.
“O mercado não acredita nos R$ 70 bilhões de economia que o governo projetou para os próximos dois anos. Tem também uma decepção na qualidade, com menos medidas estruturais do que foi imaginado”.
Na análise da Julius Baer, o número real deve da economia proveniente do pacote de ser de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões.
Em relação às mudanças estruturais, o economista pondera medidas ventiladas na mídia, mas que não foram propostas, como: a revisão do seguro-desemprego e dos mínimos constitucionais de saúde e educação.
Além disso, ele cita a lentidão na alteração na regra do abono salarial, uma vez que a ideia de reduzir o acesso para quem recebe um salário e meio deve valer apenas em 2035.
“Existe uma grande perda de credibilidade das estimativas do governo com essas medidas”, disse Fongaro.
Além disso, a isenção de Impostos de Renda (IR) para pessoas que ganham até R$ 5 mil ajudou a gerar ruído nos mercados — se não foi o tema de maior frustração.
Segundo o economista, existia uma percepção sobre uma “janela benigna” para Lula.
O mercado esperava que o presidente da República aceitasse medidas de ajuste fiscal, que poderiam organizar a situação econômica do país e ajustar os preços de ativos, e apenas depois entraria no ciclo eleitoral, pronto para fazer estímulos e gastar com a eleição.