No pacote que deverá ser ratificado pelos chefes de Estado da Aliança, as prioridades serão a defesa aérea e antimissilística
Por Marcelo Rech – DF
No dia 5 de junho, os ministros da Defesa da Otan se reuniram em Bruxelas para avançar no Plano Estratégico da Aliança Atlântica que deverá ser referendado na Cúpula de Haia, que se realizará nos dias 24 e 25 de junho.
Neste encontro, os responsáveis pela defesa dos países membros da organização deixaram claro que a dimensão industrial da guerra será o norte.
Está decidido: haverá mais gastos, mais indústria e mais integração militar. A Otan se prepara para deixar de ser um instrumento de dissuasão para ser capaz de fazer a guerra se for necessário.
É uma mudança radical de perfil e que se consolida não apenas por conta das políticas de Trump, mas também consideram as ameaças objetivas à Europa.
No pacote que deverá ser ratificado pelos chefes de Estado da Aliança, as prioridades serão a defesa aérea e antimissilística, armamento de longo alcance, logística de grandes formações terrestres e os sistemas de comando e controle. Todos, elementos-chave para um conflito de alta intensidade.
Quanto aos gastos, os países da Otan se comprometerão com 5% do PIB, dos quais 3,5% serão destinados aos gastos militares propriamente ditos e outros 1,5% para investimentos em infraestruturas, mobilidade militar, resiliência civil e capacidade industrial.
O reforço industrial é a prioridade política para o segundo semestre deste ano e a Ucrânia é a justificativa plausível. Somente neste ano, os aliados se comprometeram com um montante adicional de 20 bilhões de euros para Kiev.
O Reino Unido enviará 100 mil drones (cerca de 350 milhões de libras); a Alemanha, aprovou um pacote de 5 milhões de euros que inclui sistemas de defesa aérea; a Holanda entregará 400 milhões de euros em meios navais e drones marítimos; enquanto a Bélgica enviará 1 bilhão de euros anuais até 2029.
Noruega, Canadá e Suécia, também contribuirão com fundos destinados a drones, guerra eletrônica e munição de artilharia. Canadá, Dinamarca, Noruega e Polônia já se uniram ao programa de formação de pilotos, enquanto Canadá, Croácia e Holanda, se somam à iniciativa de cooperação transfronteiriça do espaço aéreo, criada em 2023.
São iniciativas que pretendem consolidar uma Otan robusta, tecnologicamente preparada e pronta para responder a qualquer agressão. Desta forma, acreditam seus estrategistas, a Diplomacia se apoiará em uma indústria de defesa mobilizada em escala continental.