Desde o início do século 20, a ilha que fica a 20 minutos de lancha de Belém, passou a fazer parte da história da ciência
Por Misto Brasil – DF
A Ilha de Tatuoca, a meia hora de lancha de Belém, no Pará, não tem moradores ou carros. No passado, já foi cenário de episódios da revolta da Cabanagem e espaço de quarentena para suspeitos de terem doenças contagiosas.
Mas desde o início do século 20 passou a fazer parte da história da ciência. Hoje ela abriga o Observatório Magnético de Tatuoca, que participa de uma rede global que monitora o campo magnético da Terra.
No interior do planeta, no núcleo externo, a mais de 2,9 mil quilômetros de profundidade, ferro e níquel movem-se continuamente para formar o campo magnético da Terra, um escudo fundamental para manter a vida, oferecendo proteção contra o vento solar e os raios cósmicos.
Para entender a história do campo magnético e projetar seu futuro, são necessários modelos computacionais, anotou a Agência DW.
E “para criar modelos e para entender os fenômenos magnéticos da Terra, é fundamental que sobre a superfície estejam distribuídos observatórios que monitorem o campo magnético (veja o mapa abaixo)”, explicou o diretor do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA), Cristiano Mendel.
Fundado em 1957, o Observatório Magnético de Tatuoca ajuda a desvendar o campo magnético da Terra.
As informações são importantes para a ciência básica, para o conhecimento das profundezas do planeta e para desenvolver aplicações práticas, como a navegação de satélites.
Além disso, o observatório está em posição estratégica para entender dois fenômenos: o equador magnético e a corrente eletrojato equatorial.
“Em Tatuoca são feitas medidas muito relevantes para a compreensão da estrutura, dos processos, das variações do campo da Terra e da interação do campo magnético da Terra e do Sol.
Tudo isso é importante para a operação de satélites, linhas de transmissão e vários outros sistemas tecnológicos fundamentais em nossa sociedade”, destacou André Wiermann, tecnologista sênior do Departamento de Geofísica do Observatório Nacional (ON), órgão responsável pelo observatório de Tatuoca.
As medições realizadas em Tatuoca são essenciais para diversos estudos geofísicos.
Além de sua importância científica, esses dados têm aplicações práticas na indústria de mineração e na exploração petrolífera, auxiliando na determinação de propriedades físicas de estruturas geológicas abaixo da superfície.