Para o grupo próximo a Eduardo, políticos que foram impulsionados por ele deveriam retribuir com apoio
Por Misto Brasil – DF
Aliados de Eduardo Bolsonaro demonstram incômodo com o crescimento da presença digital de Nikolas Ferreira nas redes, em especial, de parlamentares bolsonaristas.
Para o grupo próximo a Eduardo, políticos que foram impulsionados por ele deveriam retribuir com apoio, especialmente durante seu período de autoexílio nos EUA, mas muitos têm priorizado interações com Nikolas, outro nome forte do bolsonarismo.
De acordo com a apuração da Folha de São Paulo, Eduardo, mesmo fora do país, tenta manter protagonismo político ao buscar sanções do governo Trump contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que é relator da ação sobre a tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar de aconselhado a contatar aliados que se distanciaram, ele ainda não tomou iniciativa.
Entre os nomes que deixaram de mencionar Eduardo em suas redes estão Rafael Sotiê (PL-Rio de Janeiro), Ana Campagnolo (PL-SC), André Fernandes (PL-CE) e Leonardo Dias (PL-Maceió) — todos com forte presença digital e que já integraram a rede política articulada por Eduardo, segundo a apuração.
Essa rede era vista como base para uma possível candidatura presidencial, agora inviabilizada pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro.
Apesar do afastamento físico, alguns aliados ainda reconhecem a importância de Eduardo, mas destacam que sua ausência dificulta a articulação política.
Durante evento do Partido Liberal em Fortaleza, Sotiê afirmou que a distância compromete a rotina política, embora tenha elogiado a liderança do deputado.
Nikolas Ferreira, com quase 18 milhões de seguidores no Instagram, é visto como um fenômeno digital e político. Embora tenha ascendido com apoio do clã Bolsonaro, seu sucesso independente gera ressentimento entre bolsonaristas, especialmente porque seus vídeos têm mais impacto nas redes do que os da família Bolsonaro, o que preocupa o governo Lula em temas sensíveis, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A relação entre Nikolas e o clã Bolsonaro já teve atritos, como nas eleições municipais, quando ele apoiou Pablo Marçal (PRTB), adversário do candidato de Bolsonaro em São Paulo. Outro episódio de tensão ocorreu quando Nikolas publicou “Fora, Lula” antes de uma manifestação convocada por Bolsonaro, que depois desautorizou o gesto.
Apesar das divergências, Nikolas foi chamado para discursar em ato bolsonarista em abril, já com Eduardo fora do país. A movimentação reforça a percepção de que o polêmico político mineiro vem ocupando espaço no bolsonarismo, enquanto Eduardo enfrenta dificuldades para manter sua influência à distância.